Será que eu sou plus size? Redescubra seu corpo com amor-próprio 

Não vou mentir, começar a olhar na seção de plus size foi um balde de água fria para mim, mas foi um novo jeito de descobrir como posso amar meu corpo de um jeito melhor.

Eu sempre tive um corpo “padrão” até chegar aos 20 anos. Mudei de país e essas transformações, para o bem e para o mal, impactaram meu corpo. Foi então que precisei começar a comprar roupas plus size, pois as calças de tamanho normal já não entravam no meu quadril.

Eu já tinha ouvido falar sobre corpos curvos, gordos, grandes e toda a violência que eles sofrem, já seja desde a gordofobia ou a constante exclusão do mercado. Agora estava vivendo em carne própria como era na realidade. 

Não é a toa que, segundo uma pesquisa da Mindminers, 61% de populção obesa sente dificuldade para achar roupa nas lojas populares.  

Essa experiência me fez refletir sobre o significado do termo “plus size” e como a moda e a sociedade trata corpos maiores.

Onde surgiu o termo de Moda plus size?

O termo “plus size” ou a moda plus size, no geral, surgiu nos Estados Unidos, graças ao capitalismo. Sim, o mesmo fenômeno que não faz consumir mais e às vezes ser mais sedentário. Tudo começou na segunda metade do século XX, quando marcas de roupa começaram a criar peças para mulheres que não se encaixavam nos padrões convencionais. 

Se nos 70 os tamanhos se concentravam em S, M, L (P, M e G, ou seja até manequim 40) agora começavam a incluir mais tamanhos, como XL ou XXL. 

Foi assim como o termo “plus size” foi começando a usar pela indústria da moda para definir tamanhos maiores, mas sempre com um tom excludente, como se esses corpos precisassem de uma categoria à parte.

Hoje, existem muitas pessoas que têm orgulho de suas curvas e que não tem problema em ser enxergadas como tamanhos maiores. Porém, a prática de rotular corpos ainda é questionada. 

Como saber se sou plus size?

No Brasil, o plus size começa geralmente a partir do tamanho 44. No entanto, cada loja e país possui suas próprias tabelas de medidas. Assim como eu, você mesma pode fazer o teste: entre em varejos como a Renner, C & A, Riachuelo, entre outras e veja como mudam as numerações. 

Essa variedade entre lojas e regiões torna a classificação muitas vezes confusa e incoerente. 

Eu, por exemplo, tenho calças tamanho 46 e 48, o que geralmente é considerado “plus size”, no entanto, também tenho vestidos que se encaixam no M ou 42. 

Por outro lado, EUA, o tamanho plus size pode iniciar no 12 (equivalente ao 42 brasileiro), enquanto na Europa os padrões variam ainda mais. 

Isso gera dificuldades para consumidores que se veem no limbo entre tamanhos regulares e grandes, sem muitas opções de vestuário. No final, não tem nada mais frustrante que ficar descobrindo seu tamanho em cada loja nova que visitas. 

Críticas ao termo “plus size” e alternativas

É difícil saber onde começa a mudança de um público com estratégias de marketing. Tudo está relacionado. No caso do “plus size” é necessário refletir como agora os corpos maiores são mais comuns e as indústrias precisam se adaptar a isso: 

Então… “Quem decide o que é grande?”

O conceito de “grande” na moda é arbitrário e muitas vezes influenciado por padrões irreais de beleza, geralmente eurocentristas.

. Nesse lado do continente, América Latina, é bem comum as mulheres terem mais quadril, e em consequência, medidas maiores que você encontraria em Estados Unidos ou até na Coreia do Sul, onde ser extremamente magra é o ideal de beleza. 

Então, se a maioria das mulheres brasileiras veste entre 42 e 46, por que essas medidas são consideradas “fora do normal”?

Novos termos como “midsize” e “curvy”

Nos últimos anos, palavras como “midsize”  e “curvy” vem ganhando popularidade nas redes sociais e fazendo frente na moda plus size. 

O termo “Midsize” é para quem está entre os tamanhos convencionais e plus size, como poderia ser meu caso ou até o de muitas leitoras que chegaram neste blog. 

Por outro lado, “curvy”  destaca a forma do corpo em vez do peso. Um bom exemplo é a Cider, uma loja que usa esse termo na sua plataforma.  

Ter essa variedade de etiqueta e começar a utilizá-las ajuda a reduzir o estigma e trazer mais inclusão para diferentes tipos de corpos.

Gordofobia pelas grandes marcas ou “haute couture”

A alta costura e grandes marcas de luxo ainda relutam em criar roupas para corpos maiores. Anteriormente, marcas como Hollister e Victoria ‘s Secret foram fortemente criticadas por sua pouca variedade de tamanho e de corpos nas suas publicidades. 

Além disso, ultimamente muitas campanhas incluem modelos plus size somente por inclusão simbólica, sem realmente oferecer opções de tamanhos maiores para o público no seu e-commerce ou loja presencial. 

Isso reforça a exclusão e limita o acesso à moda para quem veste tamanhos maiores.

Soluções: desistir ou insistir?

Agora, em 2025, podemos ver como muitas marcas estão apagando suas leis inclusivas, o que também não representa nada bom para a variedade dos corpos. 

Por outro lado, vem uma perda de interesse pelo movimento “body positive” que visava lutar pela inclusão.

Variedade de tamanhos nas lojas

É injusto que, em um país onde 60% da população está acima do peso considerado “padrão”, a maioria das marcas fabrique roupas somente até o tamanho 42. 

O ganho de peso ou obesidade é um fenômeno que está acontecendo não somente no Brasil, mas também nos Estados Unidos e México. 

Aqui a ideia não é romantizar, nem normalizar a obesidade (mesmo morando num sistema que nos leva a essas doenças), mas tomar em consideração como os tamanhos das roupas deveriam estar mais acordes a realidade dos corpos da região.    

Ampliar a grade de tamanhos deveria ser uma prática comum e não uma exceção. O ideal seria escolher a peça que você quiser e tiver estoque suficiente para suprir a maior variedade de tamanhos.  

“Fazer roupa maior precisa de mais matérias-primas” Tá! Mas não acha que se o mercado é grande o suficiente, não recuperaria os gastos? 

Outra solução, no caso de e-commerce ou lojas virtuais, é só produzir o que é solicitado, ou seja, não ter um estoque é só fabricar quando a peça seja solicitada. 

Conscientização

A mudança também precisa acontecer na mentalidade das pessoas. 

Uma das vantagens do body positive (antes de seu flop) foi que nos ensinou a questionar padrões estéticos, cobrar representação e exigir moda acessível para todos os corpos são passos essenciais para transformar o mercado.

Porém, as marcas precisam entender que antes de promover, elas precisam ser isso que elas falam. 

Não adianta cometer o erro que a Victoria ‘s Secret fez com seu rebranding em 2021, na qual prometia diversidade, mas foi rejeitada por sua falta de autenticidade. 

Leia também: Moda Sustentável: O Caminho para Uma Indústria mais Consciente

Amor-próprio

Aceitar e amar seu corpo é um processo que pode levar tempo, mas é fundamental. Parece papinho de coach? Parece, sim. 

Mas nessa sociedade a galera tem medo de mulheres confiantes, então, o sistema se beneficia de você desconfiada com sua imagem, dali você consome mais procurando uma fórmula mágica. 

Aqui tem algumas dicas que funcionam comigo: 

  • Valorize as coisas que teu corpo te permite fazer, eu adoro como meu corpo me deixa dançar, abraçar e corre, isso vale muito mais que um corpo magro 
  • Seja gentil com você mesma (ou mesmo). Você falaria para sua amiga que ela é feia? Então, por que você faria isso com você?
  • Cuide de sua saúde mental e física. Isso implica fazer terapia, se exercitar, e comer equilibradamente, parece simples, mas até o simples precisa ser dito. 
  • PAREEEEEEE de se comparar, o corpo de modelos fitness que vemos no Instagram está geralmente editado ou pior, desidratado, no caso dos homens ou operado no caso de mulheres. Não adianta se comparar com uma coisa que não existe. 

E lembre-se: não é o tamanho da roupa que define sua beleza, e sim como você se sente ao usá-la.

Como ser estilosa Usando Moda plus size?

Você já se deparou com o trend “esse estilo é bonito ou ela é somente magra”? Amo esse tipo de vídeos porque mostra que ser estilosa não depende de seu tamanho. 

Mesmo assim, se você precisa de algumas dicas para se sentir confiante e encontrar, aqui temos:

  • Conheça seu corpo e descubra cortes que valorizam sua silhueta, existem vários tipos de corpos, assim como formas e figuras que valorizam ela, é ciência física pura.
  • Aposte em marcas e lojas especializadas em moda plus size, melhor se apoia marcas locais.
  • Brinque com estampas, texturas e modelagens para encontrar seu estilo.
  • Não tenha medo de ousar e sair do básico — no final, moda é expressão!

O mais importante é vestir o que te faz sentir bem. A moda deve servir a você, e não o contrário!

Se você gostou dessa leitura, não deixe de comentar em suas experiências sobre! 

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